Tuesday, August 4, 2009

"Natureza" Interior Humana (Short Circuit)


O ser humano não é mais que uma imperfeição evolutiva. Um ser demasiado "complexo". Esta "complexidade", vista por muitos como uma grande vantagem não é mais que um holograma que nos é apresentado no qual não vemos a real importância de tal factor. Demasiada complexidade leva a uma capacidade adaptativa reduzida, tornando o ser humano em termos Darwinianos fraco. Este ser é extremamente vulnerável a todas as variações do seu estado normal, mas o mais assustador é que é a própria espécie a produzi-las. Note-se que o que refiro se indica á natureza interior ("filosoficamente" falando á dicotomia racionalidade/sentimentos) e não a factores de inter-relações com habitat e outras espécies como será referido num futuro post.

Tornou-se um sistema demasiado complicado, com elementos e peças a mais. Uma falha numa peça pode sigificar uma avaria geral do sistema. Encontrar o foco do problema torna-se quase impossível. É a pequena diferença entre os dispositivos com meia dúzia de válvulas e os compostos electrónicos com milhares de microchips.
Sim poderia estar tudo perfeitamente bem ligado e não haver falhas, mas a produção foi demasiado tosca. As peças não cabem e as ligações não são compatíveis. O humano vive numa constante luta contra ele próprio. Os instintos codificam estímulos numa linguagem que a mente não entende, mas que tenta descodificar na mesma, interpretando tudo mal e levando o sistema a tudo menos o que era suposto.
O humano crê-se como um "ser racional" (seja lá o que isso for), e nega ser animal. No entanto adora sentir-se animal. Vive segundo os seus instinto animais deturpados pela evolução. No entanto vive prezando-se por possuir uma capacidade cognitiva que o torna superior. No fim quer ser duas coisas e acaba por não ser nada. Acha-se grande mas á minima necessidade rasteja. Acha-se detentor de saber mas basta umas pequenas moléculas chamadas hormonas para que tudo isso não interesse. Atrai-se pelo que reprova e desinteressa-se pelo que remete ao equlíbrio que racionalmente procura.
Tenta processar racionalmente aquilo que obtém do instinto. Classifica os "sentimentos" e define-os. Quando sente algo tenta encontrar pela descrição a categoria e pensa perceber o que sente. Mas no momento a seguir já o circuito animal se liga de outra maneira e nada já faz sentido originando um curto circuito na racionalidade.
Não obstante o ser humano vive num constante sentimento de superioridade. Tal complexidade atribuiu ao homem uma presunção narcisista que desde que nasce todo o exemplar desta espécie é levado a acreditar que é superior a todos os outros seres vivos. Que é melhor que todos eles só porque "pensa". Não tem a destreza de um Tigre, a coragem de um Lobo, a invulnerabilidade de um Tubarão, a força de um Urso, a visão de uma Águia, a subtileza de uma Cobra... Mas é superior a TODOS! Megalomania incontrolável...
Se ao menos fosse humilde... Talvez se olhasse para si e admitisse a sua condição de animal pudesse perceber as linhas que definem um homem como animal e como ser humano. Perceber a importância dos dois factores, da forma como relacioná-los e de como separá-los. Não podem ser compreendidos da mesma maneira nem como se fossem o mesmo. Dois dispositivos independentes são mais seguros e mais bem controlados quando instalados em paralelo e não em série. Assim um deve poder agir independentemente do outro e relacioná-los apenas quando necessário.

Chego ao fim sem concluir absolutamente nada pois é apenas a isso que a minha natureza humana me permite. Talvez pela continuidade de impulsos animais que selvaticamente me percorrem, suscitando desejos e instintos, que a mente rejeita mas adora simultaneamente...

Curto-circuito e a compreensão no fim é zero.




Repugnado pela minha natureza e a achá-lo extremamente interessante...

Life is so much fun!

Monday, August 3, 2009

Parênteses: Paredes de Coura 2009

Um pouco Off Topic do que este blog tem sido até agora, eu sei. Mas há certos acontecimentos que o merecem. Caso foi da que considero a melhor semana do último ano. Paredes de Coura!!


Apenas algumas semanas antes o pessimisto dominava-me, pensando que seria apenas mais uns dias em que tudo para onde olho traz marcas e mossas do passado que ocultam toda a verdadeira beleza que interessa.
Não foram precisos mais do que alguns momentos após a chegada para olhar e ver que as nuvens negras tinham ficado para trás e que naquele local onde me encontrava era banhado pelo sol.


Assim começou, montar a nossa casa temporária que se tornou mais que nosso lar durante essa semana. Assim começaram a passar horas, um dia, uma noite, cada um melhor que o outro. As velhas escamas cairam e todos brilhavamos de outra maneira.

Havia alturas, sim havia, em que me deitava de costas para baixo e os meus fantasmas pairavam sobre mim a tapar-me o sol, então via tudo mais escuro... Não tardava a um simples "Ai não! É Bolo!" me fazer levantar a cabeça e olhar para tudo a minha volta e perceber que é impossivel a perfeição. Um fantasma fugiu ao perceber que os mortos vivos estarão melhor mortos que novamente vivos, outro viu que no universo quando algo se destrói outra se cria, um mais novo aprendeu que até o universo acabar (se acabar) muitas estrelas irão morrer e nascer a um ritmo natural. Por aí fora foram desaparecendo os mortos-vivos, substituidos por todos os vivos á minha volta:


O Luís vai esculpindo paus enquanto acende o cigarro no fogão da campingaz. O Costa diz ao Luís "Isso vai dar bode!", enquanto toca o faducho para o pessoal (deu bode!). Entretanto a Daniela acorda e murmura algo que não tem qualquer sentido com uma cara de pedrada (afinal era a dizer que a tenda tinha ficado alagada de noite). No meio disto a Tânia (Mawote!) andava a volta do Costa com a tesoura na mão, vá-se la saber porquê... Entretanto chega o Miguel a sugerir o pessoal ir todo para um Battle Royal pela sobrevivência numa ilha deserta com vulcões em explosão (os olhos da Tânia saltam intermitentemente entre a tesoura e o cabelo do Miguel). Passado um pouco o Vinny, após assegurar a presença do amigo tinto ao jantar (Assim vale a pena!), discute com o Miguel em como matar o futuro filho caso ele nasça comuna. Tudo isto enquanto A Costa me pedia com olhinhos de bambi uma taça de cerelac sem grumos. Então do nada aparece o Mini (com os seus calções novos!) e embora viesse carregado com "Lémures Vermelhos" e "Counter Strikes" vinha bastante mais leve segundo ele. Pouco depois ouve-se alguem a aproximar e aparece-nos o inconfundível Pinho que rapidamente apresenta inúmeras propostas á Vanessa quando a vê, ao qual o Costa diz "Estás-te a atirar á minha irmã?", "Ai não! É bolo!". Sim, a Vanessa que "ah e tal ofereceram-me um bilhete mas agora bem que salto com os banhinhos de água fria" eheh courense pela primeira vez. 1, 2, 3, FOOOOODAAASSS!!! E lá no fundo a música do titanic que merece um GO GO POWER RANGEEERRS!!!


Seria um bastante possível cenário que resumisse um dos muitos momentos que passámos todos debaixo do nosso toldo "home made".

Sornas, idas á vila, longas conversas, narguille, banhos de água fria, concertos... What else?

E assim muito rapidamente tudo passou sem darmos conta. De um momento para o outro ja todos estavamos de volta a "casa", onde todos nos sentimos perfeitos estranhos. Sim, pertencemos lá.


Saudade...




P.S. Obrigado á Mikkas e ao Rui por terem sido Ghost Busters.